Programa Viver a Fé em tempos de distanciamento social aborda a Espiritualidade no cuidado com a saúde

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Programa Viver a Fé em tempos de distanciamento social aborda a Espiritualidade no cuidado com a saúde

Viver a espiritualidade e tê-la como suporte para a nossa saúde é um caminho de esperança, especialmente neste momento de quarentena. O tema da entrevista semanal do Programa Viver a Fé em tempos de distanciamento social, foi baseado nessa ideia, e refletido pelo padre André Luiz Giombelli, na noite de quarta-feira, dia 08 de julho.

Para o padre, a Espiritualidade é um estilo de vida, uma maneira de viver, segundo as exigências do Evangelho. “Quando se fala em espiritualidade é muito comum pensar em momentos de oração ou culto. Estes momentos fazem parte do cultivo da espiritualidade enquanto oportunidades de interiorização e diálogo com o transcendente, mas espiritualidade é bem mais abrangente. Espiritualidade é um estilo de vida, o cultivo de hábitos cotidianos, não apenas pontuais ou periódicos, mas constantes. É uma maneira de viver, que se baseia em princípios e valores. No nosso caso, os valores do Evangelho, anunciados e vividos por Jesus Cristo. Quando alguém decide seguir estes princípios, eles se tornam exigências. Na origem desta decisão não está a descoberta de uma grande ideia ou de uma ética exemplar, mas uma experiência de encontro. Trata-se por tanto de uma experiência de encontro com Deus que transforma o coração humano e o leva a viver em conformidade com aquilo que ela produz. Se desejo ser coerente e alcançar maior crescimento interior, preciso me esforçar para viver de acordo com estes princípios e valores. Portanto, falar de espiritualidade é falar de toda a vida e falar da presença do Senhor em nossa vida e na comunidade cristã”, disse.

Segundo o padre André, o centro da espiritualidade no cuidado com a saúde é Jesus Cristo, rosto da misericórdia do Pai. “Dessa forma, podemos dizer que a espiritualidade no cuidado com a saúde é um viver a vida segundo o espírito de Jesus misericordioso, que andou pelo mundo fazendo o bem, curando e sanando toda enfermidade e toda dor. Jesus nos pede para sermos misericordiosos como seu Pai, que faz o sol nascer sobre bons e maus, faz a chuva cair sobre justos e injustos. A atenção do Mestre não estava voltada apenas para a recuperação da saúde no seu aspecto biológico, mas integral, porque a doença significava também exclusão social. Assim, a recuperação da saúde promovida por Jesus envolvia também ter novamente vida digna, saudável e reintegrada na sociedade. Desse modo, atento aos sinais dos tempos e sensível da realidade de dor, sofrimento, exclusão e opressão, move-se de compaixão. Vai ao encontro, aproxima-se, toca e desperta a confiança das pessoas. Age assim sem desejar nada em troca. Com isso, devolve às pessoas o ânimo, a esperança, o desejo de viver e introduz no mundo a compaixão e a misericórdia de Deus”, enfatizou.

O padre destacou que a espiritualidade centrada em Jesus misericordioso é profundamente pascal, geradora de vida e de esperança. “Jesus foi incansável na missão de fazer o bem. Ele se fez profundamente próximo do sofrimento humano: curava os doentes, consolava os aflitos, dava de comer aos famintos, libertava as pessoas da surdez, da cegueira, da lepra, do demônio, de deficiências físicas. Mas Jesus se aproximou do sofrimento humano, sobretudo, porque ele mesmo assumiu este sofrimento. Durante sua vida pública, experimentou não apenas o cansaço, a falta de moradia para ter onde reclinar a cabeça (Lc 9,58), a incompreensão dos que viviam perto dele, mas também uma espiral crescente de hostilidade e rejeição que deixam claro movimentos deliberados para tirar-lhe a vida. Por isso, assumir a espiritualidade cristã como estilo de vida, é viver como homens e mulheres ressuscitados, orientando a existência para um amor criador e para uma solidariedade geradora de vida. No mundo do sofrimento, somos chamados a presença pascal ao lado dos que sofrem. A proximidade e o acompanhamento serão caminho de esperança e de ressurreição”, salientou.

Padre André lembrou ainda que a experiência de encontro com o Cristo que sofre no irmão tem valor sacramental, o sacramento da presença. “O amor de Deus por nós é um amor gratuito e incondicional que nos impele a comunicá-lo a todos os que nos rodeiam e, de modo especial, a todos os que sofrem. A compreensão de que a única resposta possível a dor e ao sofrimento é a resposta da cruz que traduz a linguagem do amor faz com que o cuidado com a saúde, na perspectiva da espiritualidade cristã, adquira valor sacramental. Por exemplo, dizer que uma visita a um doente tem valor sacramental, significa dizer que não se trata apenas de uma cortesia, de um gesto de boa educação ou mesmo uma atenção cordial para com a pessoa no âmbito simplesmente humano. Uma realidade ou situação adquire valor sacramental quando ela aponta para o invisível, o transcendente.  Se por um lado, a preocupação e atenção para com os doentes é prolongamento da missão de Jesus e, portanto, continuação do mistério de sua encarnação, por outro lado, é também manifestação do mistério pascal. Aquele que cuida do doente é imagem de Cristo, bom pastor, bom samaritano. Ao mesmo tempo, o doente é imagem de Cristo sofredor, crucificado. A relação que se estabelece entre quem cuida e quem é cuidado pode ser compreendida em chave pascal. Dessa forma, o cuidado com os enfermos adquire um caráter de culto – sacramento da presença – momento em que o serviço se torna contemplação. Ser presença vai muito além de estar presente. Pode-se ser presença sem estar presente, da mesma forma que se pode estar presente sem ser presença”, refletiu.

Para assistir a entrevista na íntegra clique aqui.

 

 

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