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Pastoral da Pessoa Idosa destaca a importância do cuidado, da presença e da escuta

Em entrevista ao Programa Viver a Fé em tempos de distanciamento social, realizada no dia 24 de junho, a coordenadora do Regional Sul 4 da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), Leoni Terezinha Welicz,  e a coordenadora diocesana da Pastoral na Diocese de Caçador, Rita Maria Pelegrinello Carneiro, destacaram a importância do cuidado e da presença dos familiares com os idosos. O apelo é para que as famílias ouçam e deem mais atenção aos seus idosos que neste momento estão mais fragilizados. As coordenadoras fizeram um relato de como a Pastoral está organizada e como são realizadas as visitas domésticas, além de outros assuntos.

Confira alguns trechos da entrevista:

Quando começaram as atividades da Pastoral da Pessoa Idosa, como ela está organizada, quais os tipos de atendimentos realizados e qual o principal objetivo? (Leoni)

Em abril de 2004 foi criada a Pastoral da Pessoa Idosa no Brasil, tendo como primeira coordenadora, Zilda Arns. Hoje a Pastoral está em todos os estados brasileiros, conta com mais de 25 mil líderes que fazem as visitas nas casas. Aqui na nossa diocese, a Pastoral foi implantada em 9 de maio de 2013, são sete anos de atividades. Iniciamos com um grupo pequeno, apenas nove pessoas, da Paróquia São Francisco de Assis. Iniciei como coordenadora diocesana, função que ocupei por seis anos. E no ano passado fui eleita para coordenar o estado. Em Santa Catarina estamos presentes em nove das dez dioceses. A nossa principal atividade é a visitação aos idosos, com mais de 60 anos, especialmente aqueles com maior vulnerabilidade, seja financeira, ou de saúde, situações que tiram o idoso do convívio social.

Capacitamos líderes, ensinando como se portar, como chegar até esse idoso e para que conheçam um pouco sobre os dez indicadores de saúde com os quais trabalhamos. A Pastoral da Pessoa Idosa é ecumênica, não escolhemos apenas os idosos católicos para visitar. Não importa para nos nem credo, nem cor, nem classe social. Temos como lema “Ensinai-nos a bem viver os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria” (Salmo 90, 12).

 Qual a importância da visitação domiciliar para os idosos? Como eles se sentem sendo lembrados e para vocês qual é o sentimento de estarem levando o afeto e a escuta para essas pessoas? (Rita).

Primeiramente ouvimos esse idoso, ou seus familiares, para saber se eles querem receber essa visita. É muito importante esse momento, pois é um idoso que está fragilizado, à margem da sociedade, por estar doente, vive só e muitas vezes a família não tem tempo de ouvir. Quando são feitas as visitas, cria-se um vínculo entre o idoso e o líder. Esse vínculo é muito importante para iniciar a visitação. É um momento onde damos e recebemos afeto. Entramos na casa do idoso, na privacidade dele e ele confia em nós, por isso o líder deve estar bem preparado. E assim cria-se essa amizade, que não é uma dependência, mas um vínculo de carinho e afeto recíprocos.

Além do contato através das visitas, existem algumas orientações que vocês repassam aos familiares para a saúde e o bem estar dos idosos? (Rita)

A Pastoral da Pessoa Idosa também tem seu caráter social e orienta ao líder que ele siga alguns indicadores, para que possa saber como está esse idoso, sua saúde e bem estar. Um dos indicadores seria a ingestão de líquidos, vacinas da gripe e pneumonia, por exemplo, também são importantes. Outra preocupação é com relação à queda. Como idoso tem o corpo mais fragilizado, no caso de uma queda a recuperação é mais difícil. Então uma das dicas é com relação às adaptações em casa, para que esse idoso possa se locomover com mais segurança. O líder também é o responsável por fazer a ponte entre o idoso, a família e os serviços da comunidade.

 Como estão sendo realizados os trabalhos da pastoral nesse período de pandemia, as visitas estão acontecendo? (Rita).

Nessa pandemia é impossível que as visitas presenciais sejam feitas, seríamos irresponsáveis se estivéssemos as realizando, mas sabemos que os idosos sentem falta, não estão entendendo direito essa ausência. Mas o que podemos fazer no momento é manter esse contato via telefone, whatsapp, áudio, vídeo. Quem não tem esse recurso, procuramos o telefone do vizinho para entrarmos em contato, ou uma alternativa é a líder passar na casa, no portão mesmo para saber como esse idoso está. Precisa ter esse contato de alguma forma.

 Em 15 de junho foi lembrado o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. Sabemos que por estarem mais isolados, justamente por fazerem parte do grupo de risco, os idosos podem sofrer mais situações de abusos, maus tratos e até mesmo extorsões nesse momento. Essas situações acontecem com frequência, vocês já tiveram conhecimento? Como proceder? Existe alguma forma de denunciar? (Rita).

Dentro da nossa Pastoral não houve nenhuma queixa dos idosos, que tenham passado por algum tipo de violência. Porém, nós atendemos no máximo 360 idosos, esses foram números do ano passado, e os outros, não sabemos, não temos conhecimento. Penso que nas famílias onde já existe esse traço de agressividade, de violência ou de abuso, essa situação pode se intensificar, nesse momento, já que as famílias estão mais juntas em casa. Para perceber se está acontecendo algum tipo de violência contra os idosos é preciso observar os sinais emocionais desse idoso. A violência física é mais fácil perceber, já a violência psicológica é mais difícil, tem que notar se ele está triste, desanimado, se mudou de comportamento, é esse o olhar que temos que ter. E além da violência física e psicológica tem a financeira. Sabemos que muitos idosos entregam parte do seu benefício para a família, mas têm algumas pessoas que pegam todo o dinheiro. A negligência também é uma forma de violência, e não é só a negligência do não cuidado com o corpo, da alimentação, é a negligência da falta de ouvir esse idoso. Se algum líder da pastoral, ou qualquer outra pessoa souber de algum tipo de violência, tem como fazer a denúncia de forma anônima no Disque 100, 181, no Conselho Municipal do Idoso, no Ministério Público e também no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), que irá encaminhar um assistente social para acompanhar a situação.

Mas ao contrário daqueles que praticam a agressão, a violência, a maioria das famílias tenta motivar seus idosos. De que forma podemos deixá-los mais felizes e valorizados?

Ainda bem que existem muito mais famílias acolhedoras e amorosas com seus idosos, famílias que valorizam, que ouvem, que respeitam. Às vezes a pessoa não tem tantas condições financeiras, não tem tantos recursos para a sua saúde, para o seu bem estar, mas ela tem uma família amorosa. E às vezes aquele que tem todo esse recurso sente-se só, não tem com quem conversar. O idoso fragilizado não é só o pobre, é também aquele que está num apartamento e fica o dia inteiro sozinho. Vamos ter atitudes positivas para valorizar esse idoso, promover a interação entre as crianças e os jovens com esse idoso. É importante criar esse vínculo, esse afeto, esse abraço, esse carinho, esse ouvir, aprender com o idoso. Como líder de pastoral, posso dizer que quando visitamos um idoso, saímos de sua casa muito mais leves.

 O papa Francisco em um congresso realizado no início do ano pediu para que as pessoas dediquem mais atenção aos idosos, especialmente os próprios familiares. Gostaria que deixasse um recado para que as famílias estejam mais disponíveis aos seus idosos.

Em janeiro tive a grata satisfação em participar do 1° Congresso Mundial da Pessoa Idosa, com representantes de 60 países. Foi debatido sobre o envelhecimento da pessoa em todo o mundo. Dom José Antônio Peruzzo apresentou os números, sendo que o maior trabalho com a pessoa idosa é o do Brasil, com mais de 25 mil líderes e 200 mil pessoas assistidas pela Pastoral. Tudo isso com muitas limitações e poucos recursos. Quando se fala que fazemos apenas visita, parece pouco, mas para aquele idoso, é muito. Tem idoso que a única visita que recebe no mês é a do líder da Pastoral da Pessoa Idosa.

Um momento de maior graça foi a audiência em o papa Francisco, onde ele disse “Saiam pelas ruas com o sorriso no rosto e o Evangelho na mão, e vão ao encontro dos idosos”. A preocupação do papa é muito grande com os idosos, com o abandono. Esse idoso precisa ser evangelizado para ser o transmissor da fé. Outro momento marcante foi o debate sobre a intergeracionalidade, onde devemos unir o jovem com as pessoas idosas.

Como as pessoas que se interessam por esse trabalho voluntário, podem fazer parte da Pastoral da Pessoa Idosa?

Nesse momento não estamos capacitando, mas semeando, buscando novos líderes, pois a missão é grande e os operários são poucos. Quem tiver interesse em participar, se sentiu tocado por este convite, pode procurar a sua paróquia, deixar seu nome com a secretária, com o padre, ou ligar para nós. No site da Diocese tem o contato da Pastoral Diocesana e todas as paróquias têm o nosso contato. Então, quando nós formos realizar uma capacitação chamamos essa pessoa para fazer parte do nosso grupo.

 A entrevista completa pode ser acessada pelo link:

https://www.facebook.com/watch/live/?v=266596074426074&ref=watch_permalink

 

Por Elaine Karch de Almeida

Pastoral da Comunicação

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