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Após a transferência e posse de Dom Severino Clasen para a Diocese de Maringá no Paraná, a Diocese de Caçador escolheu na última terça-feira, dia 18 de agosto, o padre Renato Luiz Caron como seu Administrador Diocesano. A escolha foi feita pelo Colégio de Consultores da Diocese. Padre Renato, em comunhão com o referido Colégio e com o presbitério da Diocese, dará continuidade aos trabalhos realizados em prol da evangelização.
Aos 51 anos, padre Renato tem uma caminhada bastante extensa na Diocese de Caçador, tendo completado 25 anos de ordenação no dia 22 de janeiro deste ano. A trajetória foi marcada por lugares e momentos muito construtivos e que deram uma bagagem de conhecimento e de vida ao padre. Agora ele assume um novo desafio, até a chegada do próximo bispo diocesano.
Leia a entrevista com o padre Renato Luiz Caron, Administrador Diocesano de Caçador:
Padre Renato, conte-nos um pouco da sua história, de sua vida de seu ministério. Quem é o padre Renato, nosso Administrador Diocesano? Por onde o senhor já passou?
A minha caminhada formativa começa em 1983, quando entrei no Seminário Diocesano aqui de Caçador, onde trabalho atualmente. Fiz o segundo grau, como se chamava o ensino médio naquela época, no Colégio de Aplicação da Fundação Educacional Alto Rio do Peixe (Fearpe) e em seguida cursei Pedagogia, também na Fearpe. Participava ainda de aulas internas de Filosofia no Seminário. E depois de Caçador fui a Florianópolis estudar no Instituto Teológico de Santa Catarina (ITESC).
Fui ordenado em Treze Tílias, em 1995. Trabalhei um tempo em Fraiburgo e fui transferido como pároco da Catedral São Francisco de Assis, em Caçador. Depois trabalhei também em Papanduva, na Paróquia São Sebastião, em Monte Castelo, na paróquia São José, e em seguida fui encaminhado para a Diocese de Jí-Paraná, em Rondônia, onde atuei na cidade de Vilhena por cinco anos. De Vilhena fui até o Haiti, dar uma força para o povo de lá e para a Igreja Missionária daquele país. Recentemente, no mês de março voltei a Caçador, depois de permanecer em solo haitiano durante oito anos.
Como o senhor se sentiu ao ser escolhido pelo colégio de Consultores como Administrador Diocesano para nossa Diocese?
É uma sensação gratificante. Quando nos apresentam um grande trabalho, isso realmente representa uma espécie de reconhecimento ao que você já pôde fazer. Algumas pessoas entendem isso como uma promoção, um prêmio, mas é um prêmio um tanto atravessado, porque é mais responsabilidade, mais trabalho, mais esforço, mais sacrifício. É um prêmio diferente, mas não deixa de ser um prêmio, quando você considera o reconhecimento que ele possa representar por algo já realizado.
Quais são as primeiras atitudes a serem tomadas pelo senhor, tendo em vista a continuidade dos trabalhos pastorais?
Algumas pessoas pensam que o Administrador Diocesano é uma espécie de “bispinho”, e definitivamente não é, porque quem escolhe o Administrador Diocesano é uma equipe que foi nomeada pelo bispo anterior, e essa equipe nomeia uma espécie de coordenador. Eu fui escolhido coordenador dessa equipe e depois oficialmente essa função será chamada de Administrador Diocesano. Isso tem uma série de implicações, principalmente na ordem jurídica e na ordem administrativa da diocese. Eu reforço, sou o coordenador dessa equipe e é sob a batuta desta equipe que nós vamos trabalhar neste tempo de transição, desde a saída do nosso bispo Dom Severino Clasen, até a nomeação e chegada definitiva do nosso próximo bispo. Queremos fazer um trabalho de colegiado. Não é a cabeça do Administrador Diocesano que vai definir os rumos, até porque o Administrador Diocesano não tem muito poder de decisão. Pretendo, sim, enquanto coordenador da equipe do Colégio de Consultores da Diocese, reafirmar esse espírito de colegialidade, pois, que sem ele a gente não vai para frente, e desta forma, fazer uma ponte segura e bonita entre o legado do nosso querido Dom Severino e o nosso próximo bispo diocesano.
Que palavras o senhor tem a dizer para nossas lideranças, nossos padres, nossas pastorais neste momento tão importante de nossa Diocese?
Tem uma música que diz, nós vamos precisar de todo mundo. Às vezes a tendência é a gente remeter sob a responsabilidade do outro aquilo que nós todos temos como responsabilidade. Então achar que alguma coisa vai mudar, porque o padre Renato foi escolhido coordenador do Colégio de Consultores, ou Administrador Diocesano é faltar um pouco com a responsabilidade que a gente tem sobre as coisas que a gente faz, lá aonde a gente vive. Nós vamos precisar de todo mundo para fazer qualquer diferença na nossa vida. Todos são importantes, o padre, a mãe, o professor, o administrador público e o administrador diocesano também. A você que faz parte das nossas comunidades, venha fazer parte deste esforço enorme que as pessoas estão fazendo para reestabelecer tempos de paz, tempos de diálogo, tempos de menos ódio destilados nas redes sociais e em todos os lugares, tempos de mais respeito pela pessoa humana, independente do cargo que você ocupa. A pessoa precisa ser respeitada e nós precisamos recuperar isso. Que Deus nos abençoe para que a nossa passagem pela administração diocesana seja profícua neste sentido e ajude a Diocese a continuar esse trabalho que já vem fazendo. Eu vejo o trabalho que a Cáritas Diocesana realiza, a Cáritas Solidariedade e toda a sua rede de benfeitores, para dar mais dignidade à vida, para devolver a dignidade à vida. Eu vejo o esforço sincero de profissionais na área da assistência social, na área da segurança pública, na área da saúde e na área da administração pública também. Mas às vezes ficamos esperando deles e nós também temos uma parcela muito importante para fazer em nossas comunidades, nem que seja na frente do computador, na hora em que reproduzimos, que replicamos, uma mensagem. Porém, devemos ter atenção sobre que tipo de mensagem. É uma mensagem que favorece a vida, que defende a vida ou é mais uma “mensagenzinha” de ódio, de colocar alguém no ridículo, de destruir a reputação de alguém? Até nesse momento você está ajudando a construir ou dificultando a construção de um mundo melhor.
E o próximo bispo? Quando virá?
A escolha do novo bispo é um processo muito lento, o bispo que será nomeado para Caçador pode estar sendo escolhido agora. Durante todo tempo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a nunciatura apostólica promovem entre o clero no Brasil inteiro, uma espécie de enquete, entrevistas, aonde vão sendo levantados nomes, cujos personagens tenham essas características que respondam bem aos critérios que se imaginam necessários para ser um bom bispo para a Igreja do Brasil e do mundo. Então, esse processo é contínuo dentro da Igreja. O próximo bispo de Caçador pode ser um bispo ordenado de uma outra Diocese, como pode ser um padre que está sendo escolhido neste momento pelas pesquisas que a nunciatura promove entre o clero de todas as dioceses do Brasil e do mundo. A gente torce, pede a Deus que esse processo seja cada vez mais refinado no sentido de alavancar o processo de evangelização da Igreja no mundo. E a gente sabe que uma das coisas que pode atrapalhar esse processo é que os candidatos nem sempre se sentem tão à vontade para responder ao convite, ao apelo que a Igreja faz para assumirem uma diocese. É uma responsabilidade muito grande, e às vezes os padres pedem mais tempo para pensar, às vezes estão à frente de trabalhos muito necessários, muito importantes e simplesmente tirá-los de lá pode comprometer todo aquele processo, então às vezes eles dizem sim, mas com alguma condição. Pedimos a Deus que infunda coragem e sabedoria a todos aqueles que estão sendo pesquisados e convidados ao episcopado. Sabemos que não é uma tarefa fácil e rezamos muito por eles. O que também podemos acrescentar nesse sentido é o histórico, respondendo às inquietações que algumas pessoas têm sobre a chegada de um novo bispo. Pode ser um processo rápido, dependendo de algumas alternativas que a nunciatura tenha. Um caso típico é quando um bispo tem problemas de saúde. Então se surge uma diocese vacante em uma região do Brasil, onde o clima possa favorecer a saúde dele, ele é lembrado disso e é oferecida para ele a oportunidade de ser transferido. É uma questão prática de cuidado da vida. Nesses casos, o processo de transferência é rápido. Porém, em outros casos, pode demorar um pouco, por várias questões, até porque o andamento do processo tem os seus prazos. O que temos visto no Brasil, como no caso da Diocese de Maringá – PR, onde foi nomeado Dom Severino, é um período de nove meses. Temos que dar esse tempo para que o processo seja amadurecido, seja bem feito e que os prazos sejam respeitados, para que as dioceses tenham tempo de se recompor e para que o bispo venha dar continuidade ao que está sendo feito. Ninguém começa do zero, começamos a partir daquilo que já foi construído, e vamos tentar construir o que falta, sem destruir aquilo que já temos. Então, nove meses, um ano, não sabemos quanto tempo é, mas que não seja um tempo perdido, e é por isso que a administração diocesana vai se empenhar para que esse seja um tempo também profícuo, frutuoso no trabalho de evangelização.
Padre Renato, por favor, deixe uma mensagem e uma bênção para o nosso povo, que tanto tem sofrido nestes tempos!
A mensagem nesses tempos de pandemia é super evangélica, vamos cuidar da vida. Hoje somos convidados pelas autoridades sanitárias e pelas pessoas que de uma maneira sincera se preocupam com o bem de todos, a cuidar da vida de uma forma muito mais regrada. Não podemos ser ingênuos com essas coisas e o Evangelho é muito claro, o Evangelho de Jesus Cristo é o Evangelho da vida, não apenas devido à Covid, mas a doença jogou isso na nossa cara. Precisamos cuidar da vida em todos os aspectos, cuidar da vida desde o princípio, até a sua conclusão natural. Tudo aquilo que atravessa esse caminho e abrevia a vida de uma maneira violenta ou indigna deve ser modificado. Cuidar da vida em todas as suas instâncias, colocar a vida em primeiro lugar, depois as outras coisas, em função da vida, em função da dignidade da vida, em função da plenitude da vida. Foi isso que Jesus pregou. Estamos juntos nessa.
Queremos engajar forças da Diocese de Caçador, nas pessoas de suas lideranças, dos padres e de todas as forças vivas da sociedade para que tudo aquilo que a gente viu em termos de criatividade, em termos de bom humor, que ajuda as pessoas a superarem esse momento de provação, seja aproveitado. Que sejamos prudentes e que mantenhamos toda essa determinação pra fazer acontecer a vida e mandar pra longe essa doença, para que ela seja superada e para que suas consequências e sequelas sejam amenizadas o mais rapidamente possível. Queremos engajar forças para que a Covid se acabe, mas que o cuidado pela vida permaneça.
A Diocese de Caçador deseja ao padre Renato Caron as boas vindas como Administrador Diocesano e que o Espírito Santo lhe conduza na missão.
Assista a entrevista na íntegra:
Pastoral da Comunicação
Diocese de Caçador