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15 de junho de 2021Migração e diálogo: Quem bate a nossa porta? (36ª Semana do Migrante)
Em sintonia com a Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, que tem como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”. E como lema o trecho da carta de Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2, 14ª), chegamos a 36ª Semana do Migrante, a ser celebrada de 13 a 20 de junho de 2021, com a temática: Migração e diálogo: Quem bate à nossa porta?
A Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) prepararam o texto base, um subsídio para as rodas de conversa, que irá ajudar na melhor reflexão sobre o tema, além da Oração para a Semana do Migrante 2021. Na Diocese de Caçador, algumas ações já desenvolvidas também revelam a importância de darmos voz e vez a esses rostos migrantes, que por muitas vezes, por atravessarem a fronteira de seus países de origem, são tratados com intolerância, discriminação ou xenofobia.
Texto base
O texto base provoca à reflexão, a dimensão do diálogo e a riqueza cultural no processo migratório, mas lembra, também, que essa dinâmica pode acirrar os ânimos do rechaço ao diferente, ao outro, à outra. Também apresenta números de extrema relevância que representam rostos e estatísticas, refletem fluxos e caminhos cruzados. De acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), publicado em setembro de 2019, a quantidade de gente que habita fora do país em que nasceu chega a 271,6 milhões de migrantes internacionais, o que equivale a 3,5% da população mundial, hoje ao redor de 7,8 bilhões. Isto significa que 96,5% jamais ultrapassou as fronteiras do país. Ainda segundo o mesmo relatório, os migrantes internos em todo mundo giram em torno de 740 milhões de pessoas.
Na apresentação do texto base, Dom José Luiz Ferreira Sales, CSSR, presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) e bispo referencial do Setor de Mobilidade Urbana da CNBB, destaca que a temática é um convite e uma oportunidade de estarmos dispostos a ser uma Igreja em saída sempre. “Querer dialogar é sinônimo de quem se abre para a não intransigência. É estar aberto a viver com os diferentes, é criar cenários que propiciem soluções eficazes a partir de uma atitude desprovida de autoritarismos. Apostar nesses processos é tirar a trave que cega nosso olho, e vivenciar o ser humanizado em sua integralidade; é aprofundar a frase do papa Francisco: ‘não se trata apenas de migrantes, se trata de humanidade’”.
O material está organizado a partir do método “Ver”: que traz os rostos, as histórias que se refletem em estatísticas os fluxos migratórios. Já o “Julgar”, convida à luz dos textos bíblicos, à promoção da migração em diálogo. O “Agir” acena a ir além do abrir-se a quem bate à porta. “Não basta o reconhecimento da pluralidade; não basta a coexistência pacífica com o diferente; não basta o diálogo. O conceito de compromisso tem a ver com um programa de atividades centradas nas causas dos migrantes e refugiados. Aqui estão em jogo as ações sociopastorais e os atores”, sugere o texto-base.
O texto, também, interpela: “O que podemos fazer no sentido de pressionar por leis migratórias mais justas e inclusivas e que levem em conta os direitos humanos dos migrantes?” Por fim, à luz da parábola do Bom Samaritano, a partir da Encíclica Fratelli Tutti do papa Francisco, há o convite diante da realidade migratória: “abrir-se à sensibilidade, à solidariedade e ao profetismo”. Com isso, SPM e CNBB acenam a todas as instituições da Igreja e da sociedade que atuam com migrantes e refugiados a somarem-se à 36ª Semana do Migrante na temática Migração e diálogo. Quem bate à nossa porta?
Roda de Conversa
A 36ª Semana do Migrante também conta com um subsídio para as rodas de conversa que podem ser realizadas em família, ou nas comunidades, seguindo as restrições sanitárias, impostas pela pandemia da COVID-19. O material de apoio é composto por três encontros, que trazem histórias de quem é migrante e de quem teve a experiência de ajudar uma migrante. A partir disso, propõe uma iluminação bíblica, uma reflexão e um gesto concreto de cidadania, como compromisso em acolher o novo irmão que está chegando.
Ações locais projetam um caminho de esperança
Em diversos espaços da Diocese de Caçador, a Rede Cáritas tem sido a porta aberta para muitos migrantes. Atenta à difícil realidade das migrações que perpassa também este nosso chão, a Cáritas atua na acolhida, integração e proteção de migrantes e refugiados, por meio de projetos e ações de acolhida e promoção humana.
Ultrapassando a fronteira geográfica, que delimita o território dos países, muitos migrantes deparam-se com a fronteira política, que se caracteriza, principalmente, pela dificuldade de conseguir regularização documental e, em consequência, poder acessar direitos, trabalhar e construir a vida com dignidade. Neste sentido a Rede Cáritas vem atuando no auxílio para regularização documental.
Este trabalho, para além das barreiras burocráticas, encontra agora, em tempos de pandemia, outro agravante que é o limite de atendimento das instâncias responsáveis por desenvolver esta tarefa, como o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) e a Polícia Federal, bem como as embaixadas e consulados. Ao mesmo tempo, o fechamento de algumas fronteiras, por conta dos protocolos sanitários da pandemia interrompe muitos fluxos migratórios.
Além disso, a Rede Cáritas tem atuado no acolhimento com demandas básicas de alimentação e roupas. Após longas viagens, famílias inteiras chegam em nossas comunidades apenas com a roupa de vestir e a esperança nos olhos. Conseguir uma moradia para residir e condições mínimas de vida requer a solidariedade de cada um de nós.
O projeto Esperançar, uma parceria com a Cáritas Brasileira Regional Santa Catarina e a Organização Internacional de Migrações (OIM), visando a integração profissional de migrantes e refugiados em Santa Catarina, aconteceu em sua primeira fase entre julho de 2020 a janeiro do corrente ano. As ações do projeto são voltadas a Qualificação Profissional Ensino à Distância (EaD), em parceria com instituições de ensino do Sistema S, Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), indicadas pela OIM. Ainda, aulas de português EaD através da Unicesumar e Universidade do Oeste de Santa Catarina (Udesc). A Cáritas Diocesana recebeu equipamentos para organizar uma sala de aula com acesso à internet para cursos EaD e grupos de trabalho. Dentre os encontros podemos destacar cinco oficinas com temáticas relacionadas a Economia Solidária, Direitos trabalhistas e Diversidade Cultural e Mundo do Trabalho. Dessa primeira fase destacamos a formação de um empreendimento coletivo na área de serviço e duas pessoas participaram de um curso de panificação pelo Senai, de forma online.
Por fim, é preciso falar da fronteira cultural, que é a mais difícil de vencer. Ela se mostra nas diversas formas de preconceito, discriminação e até mesmo de xenofobia. O diálogo, o respeito e a interculturalidade são luzes diante desta fronteira. Recordamos o episódio de Emaús (Lc 24, 13-35), no qual os discípulos, ao abrir a porta de sua casa ao forasteiro, este se torna irmão e até mesmo anfitrião, pois é ele quem abençoa e oferece o pão. Ao acolher o estrangeiro, este não só se converte em irmão, mas com suas expressões culturais e com seus valores nos enriquece. Neste aspecto, a Cáritas conta também com parcerias para aulas de Língua Portuguesa e encontros culturais.
Acesse os materiais de apoio:
Oração da 36ª Semana do Migrante
Texto-base da 36ª Semana do Migrante
Roda de Conversa da 36ª Sema do Migrante
Fonte: Com informações de www.migrante.org.br (Instituto Migrações e Direitos Humanos).