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Uma manifestação popular que acontece há 26 anos foi destaque no Programa Viver a Fé em Tempos de Distanciamento Social da última quarta-feira, 02 de setembro. O Grito dos Excluídos e Excluídas ganhou visibilidade através do tema permanente “Vida em primeiro lugar”. O assunto foi refletido durante entrevista com a participação das convidadas Maria Inês Morona Ramos e irmã Noemi Klaus Varela.
Maria Inês é professora e voluntária nas Pastorais Sociais, Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e Grupos de Reflexão, e irmã Noemi pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas do Apostolado Paroquial (IFAP) e atua na Cáritas Solidariedade.
Elas falaram sobre como surgiu este movimento, sobre a caminhada do Grito dos Excluídos na Diocese de Caçador, sobre o lema deste ano e também sobre como podemos vivenciar esse momento e ajudar para que esse projeto continue e que questões que hoje fazem parte desse processo de basta à miséria, preconceito e repressão, sejam resolvidas.
Soma de forças para um Brasil mais justo
Maria Inês explicou que o Grito dos Excluídos é um processo de mobilização da sociedade, que acontece em todo o Brasil, um conjunto de manifestações na tentativa de chamar a atenção para as condições de crescente exclusão pela qual passa a sociedade brasileira. “O Grito é organizado pela Igreja Católica, para dar voz aos excluídos, mas é ecumênico. É uma soma de forças, vivido na prática pelas lutas populares, a luta por direitos, para um Brasil mais justo para todos os cidadãos e cidadãs. É também um espaço aberto de denúncias das mais variadas formas de exclusão”, destaca.
Marco é no dia 7 de setembro
Conforme Maria Inês, o Grito dos Excluídos é um processo, não é um evento. Seu auge é no dia 7 de setembro, mas ele compreende um momento de preparação, compreende o ápice e também continua depois, com o compromisso assumido nesse período. “O objetivo de seu marco ser no dia 7 de setembro é mostrar que o Brasil não é como parece nos desfiles, todo organizado, mostrar os problemas que o país passa, debater e propor soluções. O grito de Dom Pedro, não foi suficiente para nossa independência, por isso, o objetivo é aproveitar o dia da Pátria para mostrar que não basta uma independência formal. A verdadeira independência passa pela soberania nacional, por um país menos desigual, sem preconceitos e com justiça social”, disse.
A transformação a partir dos valores do Evangelho
Para Maria Inês, vivemos em um país de contradições e isso entristece. “Temos problemas muito antigos como a falta de alimentos e a falta de moradia que mesmo após tantos anos não conseguiram ser solucionados. Também entristece ver as nossas instituições, nossos códigos sociais, princípios morais e éticos cada vez mais perdendo as forças. A cada dia aumenta a repressão do Estado contra as populações mais empobrecidas. Há uma inversão de valores muito grande. Vivemos uma falsa soberania e uma falsa democracia, uma desigualdade social sem igual”, salientou.
Maria Inês apresentou dados que mostram que de março a agosto de 2020, os 32 bilionários do Brasil aumentaram sua fortuna em 34 bilhões de dólares e ao mesmo tempo a pobreza extrema atinge 13,5 milhões de brasileiros. “Diante desse cenário cresce a importância da valorização da vida, da justiça e do cuidado. A igreja é desafiada a estar junto daqueles que são os prediletos de Deus”, enfatizou.
Neste sentido, segundo ela, teto, terra e trabalho estão correlacionados e são fundamentais para uma vida digna. “Mas para que isso aconteça é preciso participação, por isso, o 26º Grito dos Excluídos, em sintonia com a 6ª Semana Social Brasileira e com a Doutrina Social da Igreja nos chama para o debate e para uma transformação a partir dos valores do Evangelho”, declarou.
A experiência do grito em Caçador
Durante a conversa, a irmã Noemi deu seu testemunho sobre a experiência do Grito dos Excluídos em Caçador. “Em 2016, a Cáritas solidariedade puxou o grito com Pastorais Sociais, sindicatos e demais organizações. Desde então, fazemos a cada ano um tipo de mobilização, já fizemos caminhadas no bairro Martelo, rodas de conversa em escolas e diversas outras ações. Neste ano, devido à pandemia não será possível manifestações nas ruas, por isso, será lembrado e celebrado de formas diferentes”, destacou.
Lema
Segundo ela, a manifestação sempre preserva o mesmo tema “Vida em primeiro lugar”, pois a ameaça à vida é uma constante, porém o lema deste ano é “Basta de Miséria, Preconceito e Repressão! Queremos Trabalho, Terra, Teto e Participação!”.
“A Miséria perpassa a historia da humanidade e neste tempo de pandemia se acentuou. O preconceito e a repressão são ataques frequentes aos mais empobrecidos e vulneráveis, as pessoas sofrem muito com isso, o que leva a exclusão. Vivemos dias onde a repressão promovida pelo Estado em nome da segurança pública, acaba por efetivar projetos de morte, temos com isso, a vida ameaçada, neste sentido a participação da população é muito importante neste processo de construção de um mundo novo”, disse.
Com relação ao trabalho, à terra e ao teto, a irmã lembrou que: “O trabalho dignifica o homem. A terra é nossa mãe, e precisamos cuidar dela, pois dependemos dela para sobreviver. Já a casa é tão necessária, um lugar digno onde as pessoas possam viver. Assim, esse lema vem de encontro com a realidade que estamos vivendo, completou.
“O papa Francisco tem interpelado bastante nesse sentido e nós como lideranças queremos efetivar essa proposta que não é do papa Francisco, mas de Jesus Cristo. A vida digna é um projeto de Deus”, concluiu.
Assista e entrevista completa:
Programa Viver a Fé em Tempos de Distanciamento Social
ASSISTA HOJE! Entrevista com a professora e voluntária nas Pastorais Sociais, CEBS e Grupos de Reflexão, Maria Inês Morona Ramos e com a irmã Noemi Klaus Varela, que pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas do Apostolado Paroquial (IFAP) e atua na Cáritas Solidariedade. O assunto será o Grito dos Excluídos, com o tema "A vida em primeiro lugar". Participe encaminhando suas perguntas ou comentários.ACOMPANHE AO VIVO ÀS 20H15!
Publicado por Diocese De Caçador em Quarta-feira, 2 de setembro de 2020