“É CRISTO QUE VIVE EM MIM” – Carta de São Paulo aos Gálatas (2ª parte)

Renovação Carismática Católica tem novos coordenadores
2 de dezembro de 2021
O VERDADEIRO EVANGELHO – Carta de São Paulo aos Gálatas (1ª parte)
6 de dezembro de 2021
Renovação Carismática Católica tem novos coordenadores
2 de dezembro de 2021
O VERDADEIRO EVANGELHO – Carta de São Paulo aos Gálatas (1ª parte)
6 de dezembro de 2021

“É CRISTO QUE VIVE EM MIM” – Carta de São Paulo aos Gálatas (2ª parte)

 Irmãos e irmãs muito amados!

         Todos nós estamos de passagem por este mundo. Aqui aprendemos a caminhar de modo que a vida seja boa, saudável e digna. Para isso, necessitamos uns dos outros. Saber relacionar-se é fundamental. Quantos estragos causam as divisões, as discriminações, os preconceitos! Quantas mortes e quantos sofrimentos poderiam ser evitados se nós agíssemos com a consciência de que somos irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pai. Nesta perspectiva, nenhuma pessoa seria excluída das condições de vida e liberdade, de saúde e educação, de respeito e amor…  Esta é a vontade do nosso Criador e Pai, revelada com toda lucidez no Evangelho de Jesus Cristo. São Paulo entendeu o significado deste Evangelho para todos os povos. Dedicou-se de corpo e alma para torná-lo conhecido ao maior número possível de pessoas.  Através da Carta aos Gálatas podemos conhecê-lo também nós. No encontro passado comentamos sobre o conteúdo do capítulo 1. Agora nos dedicamos ao que está escrito no capítulo 2. É bom que leiamos na Bíblia os dois capítulos antes do comentário abaixo.

Apóstolo de Jesus Cristo

Paulo estava sendo muito criticado pelos pregadores “judaizantes” na região da Galácia. Diziam que ele não pertencia ao grupo dos apóstolos, que não conheceu Jesus, que era um traidor da verdadeira tradição de fé dos judeus, e outras coisas mais… Assim, esses pregadores queriam convencer os cristãos gálatas a cumprir as leis judaicas conforme estavam escritas na Sagrada Escritura. Entre estas leis estava a obrigatoriedade da circuncisão, a proibição de comer certos alimentos, de não relacionar-se com os pagãos, de não trabalhar no dia de sábado… Diziam que para serem bons cristãos deviam antes ser bons judeus; somente cumprindo fielmente as leis judaicas poderiam receber as bênçãos e a salvação de Deus.

Ao saber de tudo isto, Paulo fica indignado e entristecido com os cristãos das comunidades da Galácia, pois muitos deles estavam se desviando do verdadeiro Evangelho. Influenciados pelos judaizantes, já não seguiam o que Paulo e sua equipe de missionários haviam anunciado há pouco tempo atrás. Por isso, ele escreve com palavras duras, chamando a atenção para o que o próprio Jesus Cristo lhe havia revelado diretamente, sem a intervenção de nenhum dos apóstolos. Aliás, ele próprio tinha a profunda convicção de ser apóstolo “não por parte dos homens nem por intermédio de um homem, mas por Jesus Cristo…” (Gl, 11,1).

Unidade com os outros apóstolos (2,1-10)

Enfrentando as críticas que lhe eram feitas, Paulo procura provar com o seu próprio testemunho de vida a autenticidade do Evangelho que ele prega. Como ele conta já no primeiro capítulo  (Gl 1,15-23), após a sua conversão procurou contato com os apóstolos de Jerusalém. Na primeira visita foi recebido por Pedro e ficou com ele durante quinze dias. Conversou também com Tiago, o irmão do Senhor. Depois disso, realizou a primeira viagem missionária. Percebeu nesta viagem que o anúncio de Evangelho de Jesus Cristo foi muito bem recebido pelos que não eram judeus.

O livro dos Atos dos Apóstolos, nos capítulos 13 e 14, relata como aconteceu esta primeira viagem de Paulo junto com Barnabé. Ao voltarem para Antioquia, “reuniram a Igreja e puseram-se a referir tudo o que Deus fizera com eles, especialmente abrindo aos gentios a porta da fé” (At 14,27). E aconteceu que vieram alguns judeu-cristãos de Jerusalém e começaram a ensinar: “Se vocês não se circuncidarem segundo a norma de Moisés, não poderão salvar-se (At 15,1). Diante disso, a comunidade de Antioquia decidiu enviar Paulo e Barnabé a Jerusalém para encontrar-se com os apóstolos e decidirem sobre o que fazer diante desta nova situação. Aconteceu, antão, o primeiro Concílio Ecumênico (At 15). A principal decisão foi a de não exigir a circuncisão para os gentios. Assim, Paulo foi confirmado em sua missão com a aprovação dos apóstolos de Jerusalém – Pedro, Tiago e João -, os quais recomendaram que os pobres não fossem esquecidos. É o que Paulo sempre procurou fazer.

Paulo corrige a atitude de Pedro (2,11-14)

Paulo, com a ajuda do seu amigo Barnabé, procurou manter a unidade com os líderes dos apóstolos, mas sempre agiu com muita liberdade. Unidade não significa dependência. Sentia-se em pé de igualdade com os “notáveis” de Jerusalém, pois tinha a convicção de que “Deus não faz acepção de pessoas”. Por isso, em certa ocasião, corrigiu a atitude fingida de Pedro, diante de todos. Aconteceu que Pedro, ao fazer uma visita à comunidade de Antioquia, foi muito bem acolhido por todos. Ele, como judeu-cristão, não teve problemas de se relacionar com os estrangeiros, pois naquela comunidade não havia mais diferença entre judeu e grego, escravo ou livre, homem ou mulher.

Um dia, sentado à mesma mesa com gentio-cristãos, foi surpreendido com a chegada de um grupo que vinha de Jerusalém. Com medo de ser criticado por esses judeu-cristãos, Pedro se levantou imediatamente e fingiu não estar com os gentios à mesma mesa. Paulo considerou esta atitude como hipócrita, pois Pedro devia saber muito bem que a fé em Jesus Cristo não devia mais fazer discriminação de pessoas. Estava em jogo a liberdade que o verdadeiro Evangelho deve proporcionar: inclusão de todas as pessoas numa relação de amor e de fraternidade.

Cristo vive em mim (2,15-21)

O principal tema que perpassa toda a carta aos Gálatas é a “justificação pela fé”. Este tema vai ser mais aprofundado na Carta aos Romanos que Paulo vai escrever um pouco mais tarde. Com este tema, Paulo combate a ideia dominante entre os judeus, de que a justificação viria pela prática da Lei. Se assim fosse, ao invés de confiar na graça divina, a pessoa confiaria em seus próprios méritos, considerando-se com o “direito” de ser salva, como se Deus fosse alguém com quem se pode negociar. Para Paulo, ninguém possui méritos diante de Deus, pois todos nós somos pecadores, necessitados do perdão divino. Somente o amor gratuito de Deus nos proporciona a salvação.

O amor gratuito de Deus se manifestou plenamente em Jesus Cristo que por nós morreu e ressuscitou. Somente pelos méritos de Jesus é que seremos “justificados” diante de Deus.  Somente pelos seus méritos é que seremos salvos. E a salvação que ele trouxe se estende para toda a humanidade. Todos os povos são igualmente amados por Deus. Por todos os povos o Filho de Deus se encarnou e entregou sua vida. A nossa atitude como cristãos, portanto, é a que Paulo ensinou inspirado pelo Espírito Santo: acolher, com gratidão, o amor de Cristo que nos liberta e nos salva. E, por consequência, amar os outros como ele nos amou.

Para dialogar em pequenos grupos:

  1. Ler, reler e comentar o capítulo 2 da Carta aos Gálatas.
  2. O que mais me chamou a atenção neste capítulo. Por que?
  3. Somos justificados pela fé em Jesus Cristo. O que isto significa para a nossa vida?
  • Preces espontâneas e concluir com o texto: Gl 3,26-29.

Celso Loraschi

 loraschi@facasc.edu.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

X