Entrevista: “A missão reforça o sentimento de gratidão a Deus”
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A Diocese de Caçador foi construindo sua identidade em torno daquilo que chamamos as “4 características” desta Igreja Particular. No ano de 1985, após a escuta do Povo de Deus, brotaram as três características: (1) Igreja Participativa, (2) Igreja Comprometida com os Problemas do Povo e (3) Igreja Libertadora. Estas características deram um rosto para a nossa Diocese. Depois de uma caminhada de seis anos, percebeu-se a necessidade de incorporar uma quarta característica, mas nem por isso menos importante. A Assembleia Diocesana do Povo de Deus de 1991 (ADPD/1991) assumiu uma quarta característica: a Diocese de Caçador é uma Igreja Missionária. Tal sentir profético já nos alertava para a importância da missão na vida da Igreja Diocesana há várias décadas.
Ao longo destes anos, e das décadas, muitas iniciativas foram realizadas para dar vitalidade a esta dimensão. Todos os anos realizamos o Mês missionário, com a utilização dos materiais das POM e com o respectivo das novenas, orações e com o empenho na realização da Coleta. A Diocese mantém um padre na missão “Ad Gentes”, no Haiti, Arquidiocese de Porto Príncipe, em parceria com a Província Capuchinha do RS, desde o ano de 2012. Também estamos presentes com padres em missão dentro do Brasil: Padre Flávio Melchior Tártare, na Diocese de Ji-Paraná – MT, Padre Antônio Damin, na Diocese de Sinop – MT e Padre Irineu Maia, na Prelazia do Xingu.
A presença da Diocese de Caçador nestas regiões de missão se dá a partir de um clamor de regiões do nordeste do Brasil, quando o Regional Sul 4 (SC) assumiu o Projeto Igrejas-Irmãs no final dos anos 70 e início dos anos 80. A Diocese de Caçador abraçou este projeto no ano de 1994, tendo como Igreja-Irmã a Diocese de Jardim – MS. Nesta Diocese foram realizados muitos trabalhos missionários: equipes missionárias que visitavam todos os anos a Igreja-Irmã, formação de seminaristas, envio de padres… Mas como o tempo este projeto perdeu seu vigor.
Agora impulsionados pelo Mês Missionário Extraordinário 2019 e pelo apelo constante do Papa Francisco, estamos construindo um novo projeto com Igreja-Irmã da Prelazia de Marajó – PA. Daí a importância neste ano, durante a realização do Mês Missionário Extraordinário, que nossas comunidades e paróquias reflitam como podem se envolver ainda mais com este Projeto. Precisamos que estes projeto ajudem todos e cada um de nós a firmar um compromisso cada vez maior com a missionariedade da Igreja. Que nossos projetos missionários nos ajudem a trazer para a vida de nossas comunidades o paradigma missionário, isto é, vivamos em estado permanente de missão. Para isso precisamos do envolvimento de todos os cristãos e cristãs e que todos se sensibilizem pela causa missionária.
Portanto, para alcançar este sonhos, um instrumento é indispensável para que possamos avançar na consciência e no compromisso com a missão, a criação dos Conselhos Missionários em cada Paróquia e o fortalecimento do Conselho Missionário Diocesano (COMIDI). Diz o Papa Francisco: “o Bispo deve favorecer sempre a comunhão missionária na sua Igreja diocesana, seguindo o ideal das primeiras comunidades cristãs, em que os crentes tinham um só coração e uma só alma” (cf.At.4, 32; EG.31). Também é importante que todos os cristãos compreender o Conselho Missionário (seja ele paroquial, diocesano ou regional) não é uma pastoral a mais. O Conselho é um meio de despertar o ardor missionário em todos os batizados que estão engajados nas pastorais, nos movimentos e em todos os fiéis leigos. Portanto, o Conselho é um instrumento indispensável para promover essa consciência missionária em todas as pastorais, movimentos, organismos e todo o povo de Deus na Diocese.
De tantas iniciativas que são realizadas em nossas paróquias e comunidades, com certeza, brotaram muitos frutos, seja no crescimento da consciência missionária, seja na percepção dos grandes desafios que ainda temos. Que este tempo que Deus nos concede de celebrar o Mês Missionário Extraordinário 2019 seja um tempo de espalhar muitas sementes missionárias no coração dos cristãos e cristãs e despertar para consciência e a responsabilidade missionária de nossas comunidades.
Pe. Celso Santos