Os mistérios de fé cristã, das catequeses mistagógicas, estiveram na programação de várias paróquias da Diocese. Depois das atividades nas comunidades e paróquias de Monte Castelo, Rio das Antas/Ipomeia, Três Barras, Salto Veloso e Nossa Senhora Rainha (Caçador), no mês de agosto, Fraiburgo, Porto União, Lebon Régis, Irineópolis e Videira encerraram o programa das catequeses de formação, em setembro.

De origens milenares, as catequeses mistagógicas ocupam um lugar de destaque na história da formação cristã, principalmente nos primeiros séculos da Igreja Católica. O termo “mistagógica” vem do grego mystagogía, que significa “instrução nos mistérios”. A mistagogia é a arte de conduzir os fiéis para dentro do mistério celebrado, revelando-o através de cada rito, gesto e símbolo.  Hoje em dia, as catequeses mistagógicas são realizadas na antecipação da crisma, ajudando os catequizados a compreender e experimentar mais profundamente a fé cristã.

Embora as mistagógicas sejam uma prática especialmente associada à Igreja primitiva, o conceito ainda é relevante para a catequese moderna. No Concílio Vaticano II, por exemplo, houve um retorno ao espírito das catequeses mistagógicas na maneira de apresentar os sacramentos.

O documento Sacrosanctum Concilium destaca a importância da plena e consciente participação dos fiéis nos mistérios litúrgicos, enfatizando que a formação catequética deve conduzir à vivência espiritual profunda dos sacramentos.

Na opinião de Dom Cleocir Bonetti,  da Diocese de Caçador, este é um momento com um simbolismo muito especial.

“É um momento de encontro com os crismados para dar um abraço, para fortalecer a caminhada, a caminhada da catequese, da iniciação da vida cristã. Tem esse objetivo de aprofundar o próprio sacramento recebido. Aprofundar o sentido do sacramento recebido e o compromisso pós-crise, ou seja, recebemos os dons agora e agora vamos colocar os dons que Deus nos dá a serviço do bem, da vida, da paz, do amor, da solidariedade. O objetivo principal é esse, ou seja, é dizer, olha, nós estamos junto com vocês, mas nós queremos que vocês continuem nessa caminhada, porque depois tem a primeira eucaristia”, ressalta o bispo diocesano.

Uma das catequizandas, a coroinha Luiza Gabrielle Antunes de Lara, de 12 anos, da comunidade N. S. Aparecida, no bairro Aparecida, em Fraiburgo, preparou um discurso cheio de carinho para demonstrar toda sua dedicação e entusiasmo no momento da cerimônia, que contou com a participação de quase 250 pessoas, entre jovens e adultos:

“Fazer catequese foi uma experiência muito especial para mim. Eu aprendi nesse tempo como é importante ter Deus sempre presente em minha vida. Além disso, criei amizades incríveis com muitas pessoas boas nesse período. Me aproximar de Deus foi algo tão transformador!

Agora me sinto mais preparada para viver minha fé de forma consciente, entendendo melhor os ensinamentos de Jesus Cristo e como aplicá-los no meu dia a dia, como aprendemos na catequese.

Isso me leva a quem me ensinou tudo sobre Jesus, minha catequista, que só devo gratidão por cada momento, cada vivência, cada conselho dela me fez ter mais responsabilidade como cristã. Só tenho a agradecer por tudo que ela faz por nós.

Quero falar sobre o sacramento da Crisma, que foi esperado por todos nós. Receber o Espírito Santo foi algo mágico e belo. Eu amadureci na fé, e me aproximei ainda mais de Deus. Esse dia foi como se minha fé tivesse sido confirmada e com o abraço que ganhei nesse dia, me senti acolhida, como se Jesus tivesse me pegado pela mão, para caminhar com ele.

Eu só tenho a dizer obrigada à catequese”

Nos dias de hoje, as catequeses mistagógicas são sempre realizadas depois da crisma, e são especialmente relevantes no contexto do Rito de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), onde aqueles que entram na Igreja Católica passam por uma formação que culmina nos sacramentos da iniciação (Batismo, Crisma e Eucaristia), e continua com uma formação pós-batismal.

As catequeses mistagógicas representam um modelo formativo centrado na experiência pessoal e comunitária dos mistérios da fé. Mais do que instruir sobre doutrinas, elas buscavam levar os fiéis a uma vivência profunda e transformadora dos sacramentos, enraizando-os na comunhão com Deus e com a Igreja. Hoje, essa tradição continua a inspirar a Igreja a buscar formas de catequese que não sejam apenas intelectuais, mas que envolvam a totalidade da pessoa na experiência do Mistério Pascal de Cristo.

Dom Cleocir lembra ainda outro compromisso da iniciativa: o da maturidade de fé. “Existe o objetivo de ressaltar o compromisso que eles têm, agora, na vida. Porque existe o sacramento, mas a catequese mistagógica também lembra a maturidade da fé, lembra o batismo que agora eles assumem. E que agora eles colocam esses dons recebidos do Espírito Santo à serviço da comunidade. É um momento especial, em que vem os padrinhos, a comunidade também se reúne, ali é dado um abraço que tem um significado muito especial. Então é muito vivencial esse momento. É uma experiência muito importante, com um simbolismo grande”, finaliza.

O calendário das próximas catequeses, no ano que vem, deve sair no mês de maio de 2025.