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Cáritas Diocesana de Caçador é homenageada na ALESC

A Assembleia Legislativa, a propósito da Campanha da Fraternidade 2023, novamente voltada contra a fome, homenageou, em sessão solene realizada na noite de segunda-feira (27), pessoas e entidades que agem para mitigar a fome dos catarinenses.

A Cáritas Diocesana de Caçador recebeu a homenagem pelos trabalhos que realiza no enfrentamento ao problema da fome, em especial pelo projeto Restaurante Popular Bom Prato, executado em parceria com a Prefeitura Municipal de Caçador, que desde 2022 disponibiliza refeições a preço acessível para pessoas em situação de vulnerabilidade social e também para aquelas que necessitam se alimentar por um custo menor. O padre Eleandro Hüning, presidente da Cáritas representou a entidade na entrega da homenagem. Também estiveram presentes Mariluci Marques, coordenadora do Restaurante Popular, Ana Paula Ludwig do Amaral, nutricionista e Gisele Zarur, assistente social.

“A existência de famílias, tribos e comunidades passando fome é um escândalo, uma tragédia e ao mesmo tempo um projeto, porque a fome não acontece por acaso, é fruto da ganância de alguns, da irresponsabilidade de outros e da omissão de muitos”, afirmou Padre Pedro Baldissera (PT), autor do pedido de sessão solene.

O deputado elogiou a conexão “profunda” entre o Conselho Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e os brasileiros com o retorno, pela terceira vez, de uma campanha contra a fome: “Fraternidade e fome”, inspirada no versículo bíblico “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Marcos 6:37).

“A Igreja chamou o mundo todo a agir em comunhão contra o escândalo da fome. O mundo ouviu, mandando suporte para o atendimento dos ianomâmis, que estavam morrendo de fome a poucos quilômetros do local onde o ouro de suas terras enriquecia alguns poucos”, lamentou Padre Pedro.

Padre Vilson Groh, que falou em nome dos homenageados, sustentou que a fome decorre da desigualdade social. “A mãe chega em casa e sabe que o filho precisa comer, e sabe que quando não há comida na mesa, não há paz. A fome tem nome, lugar, rosto, sexo, etnia, cor, a fome não é acidental, é fruto de uma estrutura histórica deste país, precisamos entender de que forma a fome é produzida”, argumentou.

O reconhecido ativista social questionou a pertinência de homenagear cristãos que lutam contra a fome. “Por que fazer homenagem para quem luta contra a fome, se é uma função inerente ao cristão? Não pode ser uma homenagem, mas uma reflexão, tem que ser uma noite na qual saio daqui perguntando: como será minha atitude perante a fome?”, propôs Groh.

O diácono Luiz Paulo de Campos, responsável pela Ação Social Arquidiocesana (ASA), concordou com Vilson Groh. “A fome é um dos resultados mais cruéis da desigualdade e da falta de partilha. Temos de trabalhar para minimizar a fome”, avaliou Luiz Paulo, acrescentando que a ASA atua em 30 municípios da Grande Florianópolis e atende 17 mil famílias, sendo 11 mil crianças, 362 idosos, 53 pessoas com necessidades especiais e 379 pessoas em situação de rua.

Os deputados Marquito (PSol) e Napoleão Bernardes (PSD) prestigiaram a sessão solene e também avaliaram as causas e os desafios do combate à fome.

“Como que depois de 2023 anos de Jesus Cristo ainda temos uma civilização que aceita e normaliza que outros passem fome? E não é por falta de comida, não é por falta de dinheiro, é por causa do sistema capitalista, que concentra dinheiro nas mãos de poucos. Há necessidade de estruturar uma política onde a comida é um direito, não uma mercadoria”, sustentou Marquito, que elogiou as ações das igrejas e da sociedade civil no combate à fome.

“A fome impede, proíbe a materialização de todo direito humano e a humanidade vive um paradoxo de um momento de tanta evolução e revoluções, tantos avanços tecnológicos, mas ainda há o retrocesso da fome”, lamentou Napoleão, lembrando em seguida que cerca de três bilhões de pessoas não possuem dinheiro para uma refeição adequada, 700 milhões passam fome no mundo e 33 milhões, no Brasil.

 Galerias lotadas

Agentes das pastorais da Igreja católica, lideranças de movimentos religiosos, seminaristas, padres, diáconos e fiéis lotaram as galerias do Plenário Osni Régis para prestigiar a sessão solene e aplaudir as pessoas e instituições que trabalham para combater a fome.

O encontro contou com a presença do arcebispo da Arquidiocese de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck.

Homenageados

  • Padre Vilson Groh, presidente de honra do Instituto Vilson Groh
  • Daniel Paz dos Santos, fundador da Casa dos Amigos de Antônio Carlos
  • Edson “EdSoul” Amaral, jornalista da NSC e ativista social
  • Neila Maria Viçosa Machado, ativista social
  • Maria Cecília Corrêa Maciel, fundadora da Cozinha Comunitária do Ribeirão da Ilha, de Florianópolis
  • Solange Bueno, representante do Conselho Nacional de Assistência Social
  • Terezinha Meurer Guesser, ativista social

Programas e entidades homenageados

  • Ação da Cidadania, representado por Jaqueline Mancheim
  • Associação Mães do Frei Damião, representado por Edna de Souza e Lara Scherer
  • Cáritas Diocesana de Caçador, representada pelo padre Eleandro Hüning
  • Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), representado por Gisa Garcia
  • Centro Vianei de Educação Popular, representado por Natal João Magnanti
  • Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), representado por Irene Kazue Shimomura
  • Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), representado por Vilson Santin
  • Projeto Alimentar, representado por Sarah Lemonie
  • Rede com a Rua, representado por Angela Olinda Dalri
  • Restaurante Popular de Florianópolis, representado por Edenice Fraga da Cruz
  • Restaurante Popular de Joinville, representado por Fabiana Cardozo
  • Programa Mesa Brasil (Sesc/SC), representado por Jéssica da Luz Pereira Pucci

Fonte: Vítor Santos
AGÊNCIA AL

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