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Ungido pelo espírito missionário, o Programa Viver a Fé em tempos de distanciamento social desta semana, deu continuidade à reflexão sobre a missionariedade da Igreja, levando em conta a celebração do Mês Missionário Extraordinário, em outubro.
Iniciando uma série de relatos missionários, o padre Henrique Dal Prá foi o convidado para a conversa. Padre Henrique é missionário há 23 anos, sendo que há 18 está no estado de Rondônia e há oito anos na Diocese de Guajará-Mirim/RO. Antes de partir para Rondônia, o padre Henrique também trabalhou em Timbó Grande e em Mato Grosso do Sul.
O encontro também teve a participação do padre Renato Caron, atual administrador diocesano e que recentemente também esteve em missão no Haiti, retornando à Diocese de Caçador após nove anos.
Padre Henrique iniciou falando de sua trajetória como sacerdote e em seguida de sua caminhada missionária. “Sou muito feliz em ter começado minha missão em Timbó Grande, onde ajudei a construir a Paróquia São José Operário. Após percorri vários caminhos tanto na caminhada sacerdotal, como na missão, onde ao longo de toda minha experiência missionária, juntamente com as lideranças iniciamos cinco paróquias, além da criação de várias comunidades”, contou.
Experiência missionária, culturas e realidades
Conforme o padre Henrique, A história missionária é uma dádiva de Deus. “Não é para qualquer um, não é qualquer pessoa que se adapta com tantas realidades diferentes. A cultura dos povos é muito distinta e a fé muito diversificada”, relatou.
Em seu testemunho, o padre contou algumas experiência que teve com povos de várias etnias. “Tive uma experiência com indígenas, em Miranda no Mato Grosso do Sul, onde me deparei com o desafio de levar o evangelho e atender às necessidades do povo de sete aldeias. A maior dificuldade foi com a comunicação. Como evangelizar, sem se comunicar? Mas aos poucos fui entendendo a linguagem deles e conseguimos iniciar nossas ações”,
Ele destacou ainda outra experiência que atualmente está vivendo e que só foi interrompida devido à pandemia, mas que logo deve retornar. “Agora vivo outra experiência maravilhosa com quilombolas, ribeirinhos e bolivianos”, revelou.
A missão se faz com o coração e despojamento
Para o padre Henrique, a missão é feita com o coração, com doação, com perseverança, com alegria, com entusiasmo, se adaptando e vivendo vários tipos de realidades “A pessoa que não tem coração não consegue fazer com que a missão sobreviva. Se despojar de si para que o outro se preencha daquilo que está vazio e que você procura levar é essencial. O missionário que não é despojado, não consegue realizar a missão com amor, carinho e com transparência, desta forma, não consegue saciar a fome e a sede de quem tem fome e sede de Deus”, declarou.
O maior desafio de ser missionário
Levar união entre os povos é o maior desafio que o padre Henrique considera para um missionário. “É difícil fazer com que todos se amem como irmãos, filhos de Deus. Hoje o maior desafio é o não entendimento. Tentar explicar que há um só Deus e Pai de todos. Sinto uma grande dificuldade porque vivo essa realidade aqui. Cada um tem uma forma de viver, então pra mim, o maior desafio foi levar a paz, a esperança e o perdão entre os povos”, afirmou.
A missão e a oração
Padre Henrique destacou que para ele, o missionário que não reza, não concretiza sua missão. “Ao invés de fazer missão, ele desmancha a missão. Acredito que uma pessoa que não reza, não está apta para servir ao Senhor. Para servir ao Senhor é preciso se abastecer. Se você estiver bem alimentado e nutrido, você tem energia para superar as dificuldades da missão. O missionário tem que andar com o terço na mão, conectado com a Sagrada Escritura. Para ser missionário tem que ter um tempo para Deus, não só para si, nem só para as comunidades e lideranças. Vamos nos abastecer espiritualmente”, salientou.
A missão não acaba
Para o padre Henrique, a missão nunca acaba. “Acredito que o missionário é aquela pessoa que se deixa levar por Deus, não pela idade, nem pela saúde ou pela enfermidade. É possível fazer missão a vida toda, em qualquer lugar. A missão não acaba, acaba apenas quando Deus te levar. E eu me sinto grato e feliz pela experiência e pelo apoio da Diocese nesta caminhada que tanto me faz bem. Onde passamos deixamos um pouquinho da nossa vida e da nossa história” finalizou.