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Aprendendo com o livro dos Provérbios (1ª parte)
 
Irmãos e irmãs muito amados!
                 O ano de 2022 será, sem dúvida, um ano de boas realizações se soubermos viver com Sabedoria. A Sabedoria é um caminho seguro que a Palavra de Deus nos oferece tendo em vista um mundo de amor, de saúde, de paz e de alegria para todas as pessoas. É o caminho proposto pela Igreja no Brasil através da Campanha da Fraternidade que iniciará em 2 de março. Somos convidados a refletir sobre a íntima relação entre EDUCAÇÃO E FRATERNIDADE e a nos engajar nesta Campanha no espírito suscitado pelo lema: “FALA COM SABEDORIA, ENSINA COM AMOR” (Pr 31,26). Aproveitando este momento propício, vamos refletir sobre alguns aspectos relacionados com o tema da Campanha da Fraternidade, com base no livro dos Provérbios de onde foi extraído o lema. Dedicaremos para isso cinco encontros. O conteúdo para os demais encontros contemplará o tema que será escolhido para o mês da Bíblia.
Para viver bem
                Existe na Bíblia um conjunto de livros chamado de livros “sapienciais”. Fazem parte do Primeiro Testamento. Entre eles encontra-se o livro dos Provérbios. É formado por várias coleções demonstrando que é resultado de um mutirão de pessoas sábias de diferentes épocas e de diversos lugares. Estes provérbios foram recolhidos durante um tempo aproximado de 600 anos: desde o governo de Salomão (ao redor do ano 970 a.C.) até a época do domínio persa (ao redor de 400 a.C.).
                 A Sabedoria, neste livro dos Provérbios, aparece em forma de ensinamentos curtos que surgiram a partir das experiências e observações de muita gente. São propícios para a educação de crianças, de jovens e de adultos. Nasceram tanto em ambiente da casa como da comunidade religiosa ou da sociedade em geral. Abrange todos os setores da vida: família, trabalho, estudo, alimentação, criação, comércio, economia, política…
                 Do conteúdo que se encontra no livro de Provérbios podemos extrair vários princípios que iluminam o cotidiano da vida de todas as pessoas que desejam crescer do mesmo modo como fez Jesus: “em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e das pessoas” (Lc 2,52). Chamamos de “princípio” a base que fundamenta a conduta humana dirigida para o bem. Hoje vamos refletir sobre o princípio do temor de Deus.
  1. O princípio do temor de Deus
                É provável que exista entre nós muitas pessoas que ainda concebem o temor de Deus como um sentimento de medo, especialmente ligado com o fato de termos que nos apresentar diante dele após a morte. Não é este o verdadeiro significado do que a Bíblia quer nos transmitir ao falar do temor de Deus. Vejamos algumas expressões encontradas no livro dos Provérbios:
  • “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Os tolos desprezam a sabedoria e a instrução” (Pr 1,7; ver também 9,10).
  • “O temor do Senhor odeia o mal. Detesta o orgulho, a arrogância, o caminho perverso, a boca mentirosa” (8,13).
  • A pessoa justa encontra apoio seguro no temor do Senhor. Seus filhos nele encontrarão abrigo” (14,26).
  • “O temor do Senhor é uma fonte de vida para escapar dos laços da morte” (14,27).
  • “Vale mais o pouco com o temor do Senhor do que grandes tesouros com inquietação” (15,16).
  • “O temor do Senhor é uma escola de Sabedoria: antes da glória está a humildade” (15,33).
  • “O temor do Senhor conduz à vida. A pessoa repousará satisfeita e não será perturbada com o mal” (19,23).
  • “Que teu coração não tenha inveja dos pecadores, mas persevere no temor do Senhor o dia inteiro: assim tens o futuro garantido e a tua esperança não se frustrará” (23,17-18).
O temor de Deus e o discernimento
                 Ao ler as afirmações acima, deduzimos que existe um pressuposto: é a certeza de que Deus existe e tem um plano tanto para a pessoa individualmente como para a humanidade e para a criação inteira.
                 Deduzimos também que o temor de Deus manifesta-se nas atitudes concretas praticadas no dia-a-dia de nossa vida. Para isso, todos necessitam de uma educação que leve ao discernimento do que é bom e do que é prejudicial à vida. O discernimento é próprio das pessoas sábias; por isso, elas procuram a instrução, deixando-se educar permanentemente. Assim crescem e amadurecem num caminho de realização tornando-se portadoras da verdadeira Sabedoria. Somente “as pessoas insensatas ou tolas desprezam a instrução e a sabedoria”.
A resposta à bondade de Deus
                Conforme a concepção que temos de Deus, também agimos na vida. A tradição de fé dos judeus – da qual faziam parte os autores do livro dos Provérbios – nos deixou como herança o eloquente testemunho da infinita bondade e misericórdia de Deus conforme Ele próprio revelou ao longo da história do povo de Israel. Esta tradição nos transmitiu uma profunda convicção: Deus nos criou à sua imagem e semelhança, somos seus filhos e filhas!
                 Sendo Deus assim tão bondoso e misericordioso a ponto de partilhar a sua própria essência, deve haver uma coerente correspondência por parte de suas criaturas. Daí a importância do princípio do temor de Deus que nos faz “odiar o mal, detestar o orgulho, a arrogância, o caminho perverso, a boca mentirosa”. Estas atitudes contradizem e ofendem a vontade de Deus e estragam a sua imagem impressa em cada um de nós. O temor Deus, portanto, nos coloca em estado de vigilância para corresponder à dignidade com que fomos criados.
A vida que Deus quer
                “O temor do Senhor conduz à vida”. É a síntese de tudo o que podemos expressar sobre a importância deste princípio. Não é por acaso que ele é concebido como um dos sete dons do Espírito Santo (cf. Is 11,2). É de Santo Irineu esta afirmação: “A glória de Deus é a vida do ser humano”. Sabemos que não há vida verdadeira sem o respeito e o amor devido a Deus. Com quem o teme com sinceridade e confiança Ele se torna o Companheiro de caminhada como está provado na história do povo de Israel, na vida de Jesus e também nas comunidades de fé.
                 Irmãos e irmãs amados! Correspondendo ao amor infinito de Deus, assumimos a missão de acolher, proteger e promover a vida como Jesus nos ensinou. Nada pode nos impedir de fazer o bem, de seguir o que é certo, de tomar as medidas necessárias “para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). Contamos com a ajuda segura de Maria, a mãe de Jesus. Ela deixou para nós o seu testemunho de que Deus realiza coisas maravilhosas e que “sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem” (Lc 1,49-50).
Sobre o temor de Deus, sugiro também a leitura e meditação de Eclesiástico 2,16-22 e do Sl 112.
        Celso Loraschi
loraschi@facasc.edu.br

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