“É CRISTO QUE VIVE EM MIM” – Carta de São Paulo aos Gálatas (2ª parte)
6 de dezembro de 2021
SOMOS TODOS UM SÓ EM JESUS CRISTO – Carta de São Paulo aos Gálatas (3ª parte) 
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6 de dezembro de 2021

O VERDADEIRO EVANGELHO – Carta de São Paulo aos Gálatas (1ª parte)

Irmãos e irmãs muito amados!

Em nossos encontros mensais neste ano de 2021 levamos em conta dois temas escolhidos pela Igreja no Brasil: o primeiro relacionado com a Campanha da Fraternidade Ecumênica, tirado da Carta de São Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14). Sobre o conteúdo desta carta dedicamos os cinco encontros anteriores. A partir deste mês vamos refletir sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas, na qual se encontra o tema escolhido para o mês da Bíblia: “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28). Como podemos perceber, os dois temas chamam a atenção para a importância da unidade entre todos os cristãos. Esta é a característica fundamental dos seguidores e seguidoras de Jesus: viver e promover a unidade na diversidade, tendo em vista a liberdade e a vida digna para todas as pessoas. Para isso, é necessário superar todo legalismo excludente para acolher o amor gratuito de Deus. Ele não faz discriminação de pessoas. Por sua graça todas as pessoas são chamadas à salvação. Vamos, então, refletir sobre o conteúdo da Carta aos Gálatas, iniciando com o primeiro capítulo.

Introdução à Carta aos Gálatas

Conforme podemos ler no livro de Atos dos Apóstolos, foi durante a segunda viagem missionária que “Paulo e Timóteo atravessaram a região da Galácia”, impelidos pelo Espírito Santo. “Durante a noite, Paulo teve uma visão: um macedônio, de pé na frente dele, suplicava-lhe: ‘Venha à Macedônia e ajude-nos!’. Assim, partiram imediatamente para a Macedônia, pois estavam convencidos de que Deus acabava de chamá-los para anunciar-lhes a Boa Nova”  (cf. At 16,6-10).

A região da Macedônia fica no continente europeu. Antes de chegar a este destino, Paulo e Timóteo passaram por diversas cidades do continente asiático, pertencentes à Província da Galácia (atual Turquia): Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe. Em cada uma destas cidades, os missionários anunciavam o Evangelho de Jesus Cristo e, antes de partirem, deixavam organizada uma comunidade cristã. Paulo sempre acompanhava a vida destas comunidades com muito interesse, pois se sentia responsável por cada uma delas. Preocupava-se, sobretudo, com a vivência da verdadeira fé em Jesus Cristo, Salvador de todos os povos. Por isso, quando não podia estar pessoalmente presente, escrevia cartas para orientar e animar os cristãos a permanecerem firmes no caminho certo.

Deus, nosso Pai comum (Gl 1,1-5)

Paulo escreveu a Carta aos Gálatas ao redor do ano 55. A maioria da população desta região não pertencia ao povo judeu. Tradicionalmente os judeus não mantinham boas relações com os outros povos. Especialmente o grupo dos fariseus considerava os estrangeiros como pessoas impuras, das quais se devia manter distância para não se contaminar. Paulo e Timóteo, através da evangelização, procuraram superar esta barreira que separava judeus e gentios.

A fé comum em Deus, Pai de todos, faz com que as pessoas se aproximem, se conheçam, dialoguem e se acolham mutuamente. Por isso, Paulo, com toda a convicção, dirige-se aos gálatas chamando-os de irmãos e desejando-lhes “graça e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo…”. Por três vezes Deus é invocado como “Pai” nos primeiros cinco versículos. O Pai de todos os povos não faz acepção de pessoas, é rico em misericórdia, fonte de todas as bênçãos. Enviou seu Filho ao mundo que se entregou a si mesmo para nos redimir de todos os nossos pecados.

O Evangelho não pode ser corrompido (1,6-10)

Paulo ficou sabendo que vários cristãos das comunidades da Galácia estavam sendo influenciados pela pregação de alguns judeus. Mesmo tornando-se cristãos, estes judeus permaneciam “amarrados” aos antigos costumes. Por isso, lançavam dúvidas sobre a pessoa de Paulo e sobre o evangelho por ele pregado. Conforme podemos verificar ao longo da carta, eles insistiam na necessidade de todos seguirem a lei judaica, incluindo a circuncisão. Ora, Paulo, chamado por Deus para anunciar o verdadeiro Evangelho a todas as nações, tinha plena convicção de que a lei judaica havia cumprido a sua função de ser um caminho preparatório para a vinda do Messias. O Messias veio. É Jesus Cristo. Com sua vida, morte e ressurreição ele trouxe a graça da salvação, independente de toda a letra da lei. Ele inaugurou um tempo novo: o tempo do Espírito que se expressa num novo modo de viver: o amor sem fronteiras.

Diante da ameaça à verdadeira fé em Jesus Cristo, Paulo condena com toda veemência aqueles “judaizantes”: pregadores que pretendiam judaizar as comunidades cristãs. Sobre estes pregadores, Paulo chega a lançar uma maldição: “Eles estão deixando vocês confusos, querendo distorcer o evangelho de Cristo. Maldito seja aquele que anunciar a vocês outro evangelho…”. Este “outro evangelho” seria a introdução de uma prática legalista que, ao invés de libertar as pessoas, as tornaria escravas de normas e leis, dificultando a prática do amor mútuo.

O testemunho de Paulo (1,11-24)

Para esclarecer e confirmar o verdadeiro Evangelho, Paulo dá o testemunho de sua própria conversão. Começa dizendo que o Evangelho por ele anunciado não foi invenção humana. Foi o próprio Jesus Cristo quem lhe revelou. Antes de sua conversão, Paulo seguia as leis judaicas com toda fidelidade. Cumpria estas leis ao pé da letra. Era tão fiel e zeloso a ponto de não admitir outro modo de pensar e de viver. Por isso, procurou eliminar as comunidades cristãs que estavam se formando após a morte e ressurreição de Jesus. Mas aconteceu uma total transformação em sua vida depois do encontro que ele teve com Jesus Cristo. Este encontro, tão profundo e verdadeiro, fez com que Paulo compreendesse a Boa Notícia da gratuidade da salvação que Jesus trouxe para todas as nações. Este é o verdadeiro Evangelho. Não há outro.

Foi pela compreensão clara a respeito deste Evangelho da Graça que Paulo sentiu-se chamado a anunciá-lo ao mundo inteiro. Dedicou toda a sua vida, com toda coragem e ousadia, a fim de que Jesus Cristo fosse conhecido e amado por toda a gente. Compreendeu que ninguém pode ficar de fora da salvação oferecida gratuitamente através de Jesus.

Irmãos e irmãs amados! Assim como fez São Paulo, também nós, com todo entusiasmo, queremos defender este Evangelho que proporciona vida e liberdade sem exclusão. Vida e liberdade estão intimamente relacionadas e são imprescindíveis para a autêntica realização humana. A Carta de São Paulo aos Gálatas nos mostra o caminho.

Para dialogar em pequenos grupos:

  1. Ler, reler e comentar o capítulo 1 da Carta aos Gálatas.
  2. Por que Paulo ficou tão indignado com os judaizantes?
  3. Em que consiste o único e verdadeiro Evangelho?
  4. A partir deste texto, que lições podemos tirar para nós hoje?
  • Concluir com preces espontâneas e concluir rezando: Gl 3,26-29.

Celso Loraschi

 loraschi@facasc.edu.br

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