26ª Romaria da Terra e das Águas reúne mais de 3 mil romeiros e romeiras em Governador Celso Ramos (SC)

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26ª Romaria da Terra e das Águas reúne mais de 3 mil romeiros e romeiras em Governador Celso Ramos (SC)

Com o tema “Peregrinos da Esperança no Cuidado da Casa Comum”, mais de três mil romeiros e romeiras das dioceses do Regional Sul 4 da CNBB participaram da 26ª Romaria da Terra e das Águas de Santa Catarina. O evento ocorreu no Centro de Evangelização Angelino Rosa (CEAR), em Governador Celso Ramos (SC), na arquidiocese de Florianópolis, no domingo, 9 de junho. As atividades iniciaram às 7h com a recepção dos peregrinos. A abertura oficial foi celebrada com a Santa Missa, conduzida por Dom Wilson Tadeu Jönck, SCJ, arcebispo metropolitano de Florianópolis.

Celebração Eucarística

Em sua homilia, Dom Wilson destacou a importância de alinhar-se com forças que buscam compreender e cuidar do meio ambiente, especialmente durante o mês do meio ambiente. Ele mencionou que o egoísmo humano desfigurou o Paraíso original e que, conforme o Papa Francisco, a degradação ambiental está interligada a problemas sociais e espirituais. O arcebispo enfatizou a necessidade de restaurar nosso relacionamento com Deus para melhorarmos nossas relações interpessoais e com o ambiente.

Dom Wilson falou sobre o desafio de construir um ambiente que reflita o Paraíso, onde convivemos como irmãos e tratamos o ambiente como uma “Casa Comum” de encontro e acolhida. Ele usou o evangelho do dia para ilustrar que aqueles “dentro da casa” são os que seguem Cristo e destacou a importância de convidar todos, especialmente os que estão “fora da casa”, a participar dessa construção de um mundo melhor, integrando aspectos físicos, sociais e espirituais.

Ele abordou as resistências enfrentadas ao seguir os ensinamentos de Cristo e do Papa Francisco, reconhecendo que mudanças podem ser vistas como radicais ou inviáveis, mas incentivou a comunidade a manter um coração dócil e aberto às novas direções sugeridas pelo Papa. Dom Wilson concluiu mencionando o Jubileu 2025, enfatizando a caminhada como peregrinos da esperança e a construção de uma “Casa Comum” desejável para todos, onde todos se sintam bem e vivam como verdadeiros irmãos.

Tema de estudo: o Cuidado da Casa Comum

A 26ª Romaria da Terra e das Águas contou com Telmo Pedro Vieira, do Movimento Laudato Si em Santa Catarina, como assessor. Vieira destacou a responsabilidade da Igreja na proteção da criação, citando as encíclicas de Bento XVI e Francisco, que pedem um diálogo urgente sobre o futuro do planeta e a promoção da ecologia integral, abrangendo aspectos ambientais, econômicos, sociais, culturais e cotidianos.

Telmo Pedro Vieira

Vieira falou sobre a crise climática global e seus impactos em Santa Catarina, onde 80% dos rios estão poluídos e apenas 27,66% da população tem acesso a rede de esgoto. Ele alertou para a situação insustentável das regiões hidrográficas do estado até 2027 sem medidas urgentes e destacou a poluição por agrotóxicos e desastres climáticos frequentes.

Concluindo, Vieira chamou à conversão ecológica, unindo preocupações com a natureza, justiça social e paz interior, inspirando-se em modelos como São Francisco de Assis. Ele propôs ações concretas, como informar-se, cobrar do poder público, consumir de forma sustentável e manter a esperança ativa, enfatizando que “esperançar” é lutar ativamente por uma nova vida e construir a paz.

 

Peregrinação com a Cruz e Via Sacra Ecológica

Durante a tarde, os romeiros participaram de uma caminhada, onde carregaram a Cruz de cedro, enquanto meditavam a Via Sacra Ecológica. Este gesto simbólico vai além do simples plantio do tronco da cruz na terra, pois em diversas ocasiões, o próprio braço da cruz brota, representando a resiliência e a força da fé. A escolha dessa árvore relembra o significado que o cedro tem na cultura cabocla, sendo um símbolo de prosperidade e estabilidade, e remete às antigas tradições incentivadas pelo monge João Maria, na região do Contestado, que via nas cruzes de cedro verde um gesto de proteção e resistência. Assim, os participantes das Romarias da Terra e das Águas continuam a manter essa tradição, plantando solenemente uma cruz de cedro verde, carregando consigo uma mensagem de esperança e renovação espiritual.

Confira os depoimentos das lideranças da Diocese de Caçador que representaram nosso chão:

Depoimento Bárbara Scheffer W. (Pastoral da Juventude do Contestado)

Ao chegar no centro de eventos de Celso Ramos, fomos muito bem acolhidos pela Arquidiocese de Florianópolis. Em seguida, iniciou-se a Santa Missa, que foi belíssima, especialmente com a procissão de entrada, contando com a presença de diversos padres e bispos do regional. Destaco a entrada de um padre de Joinville, que carregava uma bandeira da Pastoral da Juventude nas costas. Em seguida, os sacerdotes e bispos receberam uma muda de oliveira. Como nosso bispo não estava presente, uma liderança de nossa diocese subiu ao palco para recebê-la. Havia representantes de diversos lugares, com atrações culturais, estandes das pastorais, movimentos e muito mais. A alimentação estava muito bem organizada, a ponto de sobrar alguns alimentos. Um destaque interessante foi a partilha de cachos de banana para o povo levar, mostrando a generosidade da organização pela arquidiocese. Por fim, houve uma caminhada simbólica no estilo de via-sacra, onde os romeiros seguiram um carro de som e rezavam Pai-Nossos e Ave-Marias. Em cada estação, abordava-se um tema específico. Um deles, em especial, foi sobre as mulheres romeiras, o que foi bastante emocionante e bonito. Após o final da caminhada, houve a leitura da carta enviada pelo Papa Francisco aos romeiros da 26ª Romaria da Terra e das Águas. Alguns temas em destaque foram a juventude e os três T’s (Terra, Teto e Trabalho). O momento foi marcado por muita emoção, especialmente pelo plantio de uma grande cruz doada pela Diocese de Criciúma. Em seguida, houve a bênção final e os romeiros e romeiras do nosso estado foram encaminhados para uma boa viagem de volta.

Depoimento Waldemar Vogel (Porto União)

Os romeiros foram recepcionados com um delicioso café. Em seguida, aconteceu a missa presidida pelo Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson, e concelebrada pelos bispos de oito dioceses do Regional Sul 4. Após o término da missa, houve uma palestra com o Professor Teles, que, em sintonia com a encíclica do Papa Francisco “Laudato Si'”, fez uma explanação dos perigos que a humanidade enfrenta com o aquecimento global e ressaltou a urgência de uma conscientização para preservar a casa comum. Em seguida, ocorreu uma palestra sobre o Padre Raulino Reitz, que, com seu herbário, prestou um relevante serviço ao meio ambiente. A tarde iniciou com a caminhada da cruz com a Via Sacra. Em cada estação, foi feita uma reflexão sobre o meio ambiente. Ao término da caminhada, como acontece em cada Romaria da Terra e das Águas, foi feito o plantio da cruz de cedro, com a bênção do Arcebispo Dom Wilson, encerrando assim a romaria. A romaria foi um momento de muita reflexão, onde fomos convidados a cuidar da Mãe Terra para o nosso bem e o das futuras gerações. No final da missa, foi entregue uma muda de oliveira para cada diocese. Como o bispo não pôde estar presente, por estar em visita pastoral na Paróquia Santa Cruz de Canoinhas, e os romeiros da diocese tiveram problemas com o ônibus, coube a mim representar a diocese. Fiquei feliz por esse ato, mas triste porque os demais não puderam participar da romaria. Como gesto concreto, foi sugerido o plantio de 10 mil árvores, cabendo a cada diocese o plantio de mil árvores. Também foi sugerido que se formassem paróquias ecológicas, onde se incentivasse o cuidado com a casa comum.

Texto e Fotos: Jaison Alves da Silva | Fotos: Jaison Alves da Silva, Ascom de Joinville e da Arquidiocese de Florianópolis | Gustavo Henrique Guedes Fambomel/Pastoral da Comunicação – Diocese de Caçador

 

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